Vale a pena fazer o pagamento mínimo do cartão de crédito?
O ano de 2020 já começou com mais de 61 milhões de inadimplentes. O levantamento divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela a grave dificuldade de muitos brasileiros na organização das suas finanças. Com problemas em equilibrar o orçamento, não são poucos os que decidem fazer o pagamento mínimo do cartão de crédito, afogando-se ainda mais em dívidas.
Problemas com pagamentos de cartão geram mesmo muitas dúvidas. Por isso, preparamos este post a fim de alertar sobre os perigos do crédito rotativo e quais estratégias você pode adotar para evitar cair nessa armadilha!
O que é o pagamento mínimo do cartão de crédito?
O pagamento mínimo do cartão de crédito é um recurso disponibilizado ao cliente que não tem condições de pagar o valor total até a data do vencimento. Até julho de 2018, essa parcela estava limitada a 15%, ou seja, em uma fatura de R$ 1.000, o usuário poderia pagar apenas R$ 150.
Desde então, a regra mudou. Segundo novas regulamentações do Banco Central, a instituição financeira não está mais presa ao mínimo obrigatório de 15% e pode estipular um percentual maior ou menor, que varia conforme o perfil do cliente, o produto ou o risco da operação.
Na prática, o cliente que opta pelo pagamento mínimo do cartão de crédito no rotativo. Isso significa que ele não é considerado inadimplente e não tem seu cartão bloqueado.
Por outro lado, o restante que não foi pago é encarado como um empréstimo e vem na próxima fatura acrescido de multas por atraso e de juros sobre a quantia que não conseguiu pagar.
Existe uma alternativa ao pagamento mínimo?
Se o cliente não tem o dinheiro para pagar a fatura, ele tem outra opção que pode ser mais vantajosa do que pagar o mínimo do cartão: o parcelamento.
Antes de julho de 2018, as operadoras de cartão autorizavam o parcelamento apenas quando desejavam. No entanto, com a nova regulamentação, elas devem apresentar essa opção na fatura, e fica a critério do cliente escolher entre:
• pagar o valor total;
• realizar um pagamento entre o mínimo estipulado pela operadora e o valor total;
• parcelar a fatura.
Nos dois últimos casos, haverá juros na operação. Mas se não houver condições de quitar toda a quantia, é importante avaliar qual das duas vai ser menos onerosa para o seu bolso.
Quando vale a pena optar pelo pagamento mínimo?
Para saber qual é a melhor opção, não tem jeito, vai ser preciso colocar na ponta do lápis. Vamos colocar um exemplo:
• fatura com um valor total de R$ 850,00;
• pagamento mínimo do cartão de crédito de R$ 170,00 (que corresponde a 20%);
• remuneração de R$ 113,96 + 11 parcelas de R$ 113,96 (com taxa de 8,2% ao mês).
O total desse financiamento de 12 parcelas de R$ 113,96 é R$ 1.367,52, sendo R$ 517,52 de juros. Esse é o valor que você vai perder em 1 ano.
Então, digamos que você opte pelo pagamento mínimo do cartão de crédito de R$ 170,00. Nesse caso, os juros vão incidir sobre o restante (R$ 680).
Vamos calcular juros de rotativo 15%/mês, IOF mensal de 0,38% e IOF diário de 0,0082%:
• juros sobre o rotativo: R$ 680,00 x (1 + 0,15) = R$ 782,00 (ou seja, R$ 102 de juros);
• no cenário de IOF mensal: R$ 680,00 x 0,0038 = R$ 2,58;
• IOF diário para 30 dias: R$ 680,00 x 0,000082 x 30 = R$ 1,62;
• valor pago na próxima fatura: R$ 782,00 + R$ 102 + R$ 2,58 + R$ 1,62 = R$ 887,90.
Portanto, ao pagar o mínimo, seu prejuízo será de R$ 207,90 de um mês para o outro. Então, como decidir o que vale mais a pena? Vamos considerar o seguinte:
• caso você não pode pagar o mínimo, não haverá outra opção senão fazer o parcelamento. Em suma, em geral, basta pagar exatamente o valor referente ao primeiro parcelamento;
• se você tem o suficiente para pagar o mínimo, é preciso ter a certeza de que terá a renda suficiente para cobrir todo o montante no mês seguinte;
• mesmo que não tenha o total da conta, prefira pagar o máximo que puder. Assim, os juros incidirão somente em cima do que sobrou, e ficará mais leve para a próxima fatura.
Por que devo evitar pagar o mínimo do cartão de crédito?
Nesses cálculos que fizemos, é possível perceber nitidamente o quanto os juros podem ser danosos ao orçamento da família. Como resultado, pense bem no exemplo que demos: o cliente pagaria R$ 207,90 de juros apenas para “empurrar” a fatura para o mês seguinte. Na prática, você não quita a dívida e ainda corre o risco de ficar inadimplente, pois juntará duas contas em uma só.
Como escapar dessa armadilha?
A melhor forma de não precisar fazer o pagamento mínimo do cartão de crédito é investindo na sua organização financeira. Essa estratégia é gratuita e vai demandar de você apenas alguns minutos por dia ou semana e um pouco de disciplina.
Alguns dos principais passos para não se enrolar com o cartão de crédito são:
• planejar seus gastos: faça uma lista com todas as suas despesas fixas e variáveis mensais, como contas de luz, água, telefone e seguro de vida;
• listar suas fontes de renda: ao ter noção exata do seu faturamento, você poderá calcular se o que você ganha é suficiente para dar conta das despesas;
• construir uma relação saudável entre ganhos e gastos: faça ajustes para seu orçamento não ficar no vermelho;
• não sair com cartão de crédito se não planejou uma aquisição: as compras por impulso e o limite liberado são a equação certa para o desastre no orçamento;
• concentrar as transações em apenas um cartão: ter muitos desses plásticos na carteira dão a falsa sensação de que você possui muito dinheiro;
• valorizar o seu trabalho e o seu dinheiro: tente calcular quanto custa cada item por horas de trabalho. Isso vai ajudar a dar mais importância a cada centavo que sai do seu bolso;
• acreditar no seu potencial de mudança de comportamento: mudar a forma como lidamos com o dinheiro não é fácil, mas é possível. Então, não desista!
Mas a minha fatura já está alta e não consigo pagar — o que fazer?
Se você já está com a dívida do cartão de crédito:
• calcule os juros de cada alternativa e entenda qual a alternativa “menos ruim” para o seu caso. Por exemplo, uma boa ferramenta é a Calculadora do Cidadão, disponibilizada no site do Banco Central;
• some todas as suas despesas e receitas e avalie quanto você pode pagar por mês em um possível parcelamento da fatura;
• até que consiga quitar o cartão, não o use.
A educação financeira é fundamental para manter a vida e as relações familiares tranquilas e sob controle. É certo que, ao organizar seu orçamento, as chances de cometer erros desses serão muito menores.
Dessa forma, você não terá que fazer o pagamento mínimo do cartão de crédito por não ter recursos suficientes para quitar a fatura.
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